Sunday, October 30, 2005

Às Portas da Percepção

A rota dos bairros decadentes da Cidade Baixa não é a preferida entre as pessoas de Natal, muito menos entre os jovens, acostumados às badalações de Ponta Negra. Mas não há melhor lugar para render-se aos prazeres da boêmia, das boas conversas e das aventuras com as tetuxes nas noites às margens do Rio Potengi.

Para o afago de algumas bebidas com alguns bons amigos, velhos ou não, nos botecos em que eu tocava (quando morava por perto, há uns anos) com a minha antiga banda, aquela chamada Cavalo Amarelo, cujo nome afastava os cristãos mais inflamados e excitava mesmo os que não gostavam do rock jovem, era uma tortura ter de chegar nos melhores ambientes tendo sempre de passar pelas rotas da marginalidade, onde nem todos são bem-vindos.

Lembro-me de quando tomei “uns tapas” duns moleques, supostos vigilantes, simplesmente por beliscar, no máximo, o joelho duma das putinhas da região enquanto conversávamos. São incompreensíveis estes personagens da noite. Em alguns casos, a pessoa só se livra dos sopapos se topar comprar um filete de baseado por uns dez contos. Não na base da pressão, eu só me acostumei mesmo aos remédios alucinógenos e chás de cogumelos, que, como dizia o guru Aldous Huxley, ajudam-nos a abrir as portas da percepção para uma visão sacramental da realidade.

E assim, se ia longe: só mesmo o bairro da Rocas, mesmo com toda a malandragem, os riscos, a promiscuidade, a irresponsabilidade, a idéia de que tudo é efêmero – ou mesmo por tudo isso –, é o ponto mais alto para exercitar a psique e ultrapassar, enfim, as portas da percepção.

Friday, October 28, 2005

Poesia é um porre.

Tuesday, October 11, 2005

Pela Luz, Pela Vida

Por que parar de armar?!

E por que não amar?

Por que não negociar?

E por que não beijar?

Se amanhã o Sol

nem, talvez,

poderá brilhar?


Pelo SIM à proibição da comercialização de armas de fogo e munição no Brasil

Saturday, October 08, 2005

Controvérsia

Entre a observância e a ineficiência,
um passo tão simples,
uma mesma forma de agir.

Tudo igual,
mas tão diferentes entre si.
Igualdade na desigualdade,
desigualdade na igualdade, enfim.

Inverso freqüente.
Perverso, realmente.
Desejo controverso.
Introverso, submerso.

E em estatísticas desenhadas,
a realidade abafada.
São as mesmas criadas,
as desdenhadas.

De constante no Universo,
só o inverso, o inverso e o inverso.

Tarde, às vezes,
porém sempre emerso.

Sunday, October 02, 2005

Soneto das Lições

Teu amor, tão autoexplicativo,
inova constantemente na didática
Nossa História é o passado redivivo
na exatidão da tua Matemática!

O estudo da vida, em nós, profundo,
demonstrara que a Geografia
nada mais era que a Anatomia
descobrindo nosso próprio mundo!..

Em tua língua, entendo o Português,
e sinto, quando a Química, mais uma vez,
desencadeia, em mim, todas as reações

do amor!... E em minha Literatura
és a matéria da Física mais pura;
O magistério das minhas emoções!...