Friday, October 01, 2010

Para a margem oposta do rio

Na margem oposta do rio
não há sonhos ou esperanças,
não há bichos e nem crianças;
naquele lugar toda quimera
são mostras de que coisas boas
não satisfaziam pois não existiam
senão noutro tempo, noutra era.


Na margem oposta do rio
não vemos garotas, não temos desejos,
não temos abraços, não temos beijos;
temos o bocejo que marca o cansaço
de quem, numa simplória expectativa
imprime ali o seu derradeiro passo,
a sua última e fracassada tentativa.


Porque a margem oposta do rio,
para quem observa do lado de cá,
oferece loas de primaveras e luzes,
mas esconde a negritude e as cruzes
que nos apresentam a sua outra face
deixando-nos num verdadeiro impasse
(é por isso que não há mais ninguém lá).


Na margem oposta do rio, disseram poetas
as estátuas esculpidas substituíram os atletas,
a paisagem verdejante, com vida e com cor
se transformou numa natureza morta pela dor.
E é por amor à dor e ao sofrimento de agora
que é pra lá que vou quando daqui for-me embora.


.

1 Comments:

Blogger Maluz said...

...não há sonhos ou esperança...
em mim a esperança so habita em sonhos que por sua vez so existe quando durmo, é incrivel como num curto espaço de tempo , de vida pq num vivi la essas coisas , as pessoas tem o poder de destruir espectativas de que a vida seja algo melhor , mas convive melhor com isso quem ja tem a visão de que não é bem assim que a vida funciona se decepciona mais e uma decepção esperada !

5:38 PM  

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