Wednesday, June 15, 2005

Só pela Convivência

Interessante observar como as pessoas são preocupadas. Numa vida efêmera, da qual, sabemos, nada levaremos para o além, é absurdamente irracional a infinidade de perspectivas que cada qual indica à sua vida.

Não é necessário, claro, pregar niilismo. A compreensão e aceitação de que nossa história acaba a qualquer momento é a mais cruel resposta que as pessoas gostariam de receber. A religião, a filosofia clínica, os livros de auto-ajuda, a televisão, tudo direciona a mente humana pra solução de problemas e a busca de novos interesses. E neste ambiente em que cresce-se com a pressão para ser "alguém na vida" - o mais tolo dos jargões -, a sociedade acaba por cair numa depressão coletiva, um sentimento cru e pessimista ao constatar a que vida é tão cheia de responsabilidades quanto contrariedades.

"A vida é um acidente de trajeto", alguém já deve ter dito isto. Levá-la a sério é algo que se deve pelo menos ignorar, mas desconsiderá-la definitivamente seria falta de bom senso. Viver é bom, apesar dos pesares. Adquirir conhecimentos, aprazerar-se, tentar construir algo que fique para a posteridade. Fazer marcar a nossa passagem. Nada mais bonito. Quando há ciência de que ao final de tudo não partiremos "desta pra melhor", há o contrário do que imaginam (a quem coloca os niilistas numa posição de seres marginalizados e depressivos): vive-se mais intensamente, e mais qualitativamente.

Sem certezas, sem motivos nem objetivos. Viver é o mais importante. Tal como Epicuro ensinava, a ausência de dores e quaisquer formas de apreensão são os principais ditames para se ter uma vida saudável e consciente. Desde muito jovem, eu vez por outra sonho com uma menina, boêmia, que só sabe beber e dar conselhos. Sonhei com ela, esta noite, e com uma das frases que esta adorável proxeneta já me disse mais de uma vez, encerro o post.

"A única preocupação deve ser a convivência".

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